Situações estásicas e a gestão do ethos coletivo em deliberações do STF

Palavras-chave: Modelo Dialogal, Mediação intervencionista, Ethos, Terceiro mediador

Resumo

A presente pesquisa se propõe a analisar situações estásicas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que podem vir a macular o ethos coletivo (imagem) dos magistrados (Aristóteles, 2005; Amossy, 2010; Maingueneau, 2020). Investigamos o papel do Presidente do STF em tais situações conflituosas, propondo um diálogo com o Modelo Dialogal de Plantin (2008, 2018), considerando os papéis actanciais do Proponente (discurso de proposição), do Oponente (discurso de oposição) e do Terceiro (discurso de dúvida). Analisando trechos de julgamento no STF, identificamos que, no corpus analisado, o Presidente atuou como um Terceiro mediador, exercendo, num primeiro momento, uma mediação não intervencionista, apenas observando o conflito, e, num segundo momento, uma mediação intervencionista, interferindo de modo a refutar um raciocínio que poderia ser prejudicial à imagem dos ministros perante a sociedade. Constatamos que o Presidente do STF atuou em prol do ethos coletivo dos ministros daquela Casa de justiça.

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Publicado
2024-06-23
Como Citar
Figueiredo, T., & Damasceno-Morais, R. (2024). Situações estásicas e a gestão do ethos coletivo em deliberações do STF. Revista Eletrônica De Estudos Integrados Em Discurso E Argumentação, 24(1), 181-200. https://doi.org/10.47369/eidea-24-1-4119
Seção
Artigos