Situações estásicas e a gestão do ethos coletivo em deliberações do STF
Resumo
A presente pesquisa se propõe a analisar situações estásicas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que podem vir a macular o ethos coletivo (imagem) dos magistrados (Aristóteles, 2005; Amossy, 2010; Maingueneau, 2020). Investigamos o papel do Presidente do STF em tais situações conflituosas, propondo um diálogo com o Modelo Dialogal de Plantin (2008, 2018), considerando os papéis actanciais do Proponente (discurso de proposição), do Oponente (discurso de oposição) e do Terceiro (discurso de dúvida). Analisando trechos de julgamento no STF, identificamos que, no corpus analisado, o Presidente atuou como um Terceiro mediador, exercendo, num primeiro momento, uma mediação não intervencionista, apenas observando o conflito, e, num segundo momento, uma mediação intervencionista, interferindo de modo a refutar um raciocínio que poderia ser prejudicial à imagem dos ministros perante a sociedade. Constatamos que o Presidente do STF atuou em prol do ethos coletivo dos ministros daquela Casa de justiça.
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