Construções retórico-argumentativas em Júlio César, de Shakespeare
Resumo
No presente artigo, analisamos, a partir de uma visão retórico-discursiva, o Ato III, Cena II, da peça Júlio César, de William Shakespeare, no qual temos dois célebres discursos da história da literatura (proferidos pelos personagens Brutus e Marco Antônio), decorrentes do assassinato do imperador César. Para tanto, valemo-nos de autores como Aristóteles (2005), Fiorin (2016), Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), destacando as noções de emoção e valor, além de elementos de ordem linguística essenciais para o funcionamento da argumentação. No corpus analisado, notamos a presença de estratégias que visam à mobilização e à adesão do auditório às teses defendidas pelos oradores, destacando que esses discursos são proferimentos antagônicos, direcionados a um mesmo auditório. Nesse sentido, a mobilização de valores, bem como as estratégias citadas são distintas e apontam para direções opostas em relação aos efeitos desejados.
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Referências
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