Identidade de gênero em subversão: Niketche, de Paulina Chiziane
Resumo
A mulher percorreu uma longa trajetória de luta histórica e social para sair da invisibilidade, exigindo políticas de inclusão representativas, de modo que cada uma das três ondas do feminismo respondeu, com os recursos de que dispunha, aos problemas enfrentados pelas mulheres nas diversas sociedades, em escala planetária. Na literatura moçambicana de Chiziane, de modo particular, em Niketche, sobrevive uma mulher subalternizada pelo caleidoscópio patriarcal de uma sociedade ancorada na lógica do macho, para a qual as mulheres não passam de esposas, mães, amantes e filhas. Esse trabalho arvora-se a investigar a construção da personagem Rami e suas estratégias para sair da subalternidade questionando o seu status quo ao esboçar um feminino negro identificado como de terceira onda. O estudo justifica-se por estar alinhado a uma crítica à sociedade patriarcal moçambicana e recupera, a partir de Rami, o itinerário das mulheres negras que lutam pelo reconhecimento, com a sanha de protagonizarem as transformações sociais em curso. Para o desenvolvimento analítico proposto, de cunho eminentemente bibliográfico, seguem-se proposições dos estudos de gênero com ênfase sobre a identidade de gênero do feminino negro. Tal empreendimento acaba por revelar a personagem Rami, em transgressão às normas comportamentais esperadas pelo grupo comunitário de origem, levando-a a sair da invisibilidade ao assumir, como sujeito de mudança, o lugar da fala pela emancipação.Downloads
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