A europeização no ensino da língua portuguesa presente no conto "Menina Vitória", de Arnaldo Santos", e "Infância", de Graciliano Ramos
Resumo
Neste artigo será analisado como nos textos literários de língua portuguesa Menina Vitória, de Arnaldo Santos, e Infância, de Graciliano Ramos, é realizado de forma sutil, a denúncia ideológica sobre a forma como a língua portuguesa pode ser ensinada nas escolas de ex-colônias de Portugal. Em ambos textos, tanto no personagem Gigi, quanto no próprio Graciliano, em seu relato autobiográfico, o ensino da língua, tal como é imposto com o viés de superioridade europeia e de pureza da língua, é traumático, doloroso e incondizente com o espaço cultural em que estes personagens habitam. Todavia esperou-se comprovar que a própria forma literária ou estética em que se apresenta a forma de narrar esses textos demonstram que esse autoritário e despótico ensino da língua não sairá vitorioso: em Menina Vitória, aparecem termos em quimbundo e outros da cultura angolana imiscuídos na língua portuguesa; em Infância, a linguagem rebuscada, como um cipoal, encontrada pelo menino-leitor Graciliano, no livro didático do barão de Macaúbas, será totalmente o oposto da futura linguagem do escritor adulto em seu fazer literário: enxuta, seca, econômica e direta. Como amparo teórico foi utilizado Frantz Fanon, Benjamin Abdala Junior e Jacques Rancière.
Downloads
Referências
ABDALA JUNIOR, Benjamin. Liminaridades identitárias: para uma geocrítica do eurocentrismo. In: FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria Zilda. África: dinâmicas culturais e literárias. Belo Horizonte: Ed. PUC Minas, 2012.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1982.
RANCIÈRE, Jacques. Políticas da escrita. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
SANTOS, Arnaldo. A menina Vitória. In: Kinaxixe e outras prosas. São Paulo: Ática, 1981.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a-Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista
b-Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c-Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).