Ângela Diniz no banco dos réus

Uma análise retórica e semiolinguística da defesa de Doca Street

Palavras-chave: Discurso jurídico, Provas retóricas, Semiolinguística

Resumo

Este trabalho, inserido nos estudos retórico-discursivos da linguagem, tem como principal objetivo analisar a construção argumentativa do ethos, pathos e logos no discurso de defesa de Doca Street, no caso do assassinato da socialite mineira Ângela Diniz, em 1976. A análise centra-se nos argumentos empregados pelo advogado de defesa, Evandro Lins e Silva, e na forma como ele constrói as imagens do acusado e da vítima, explorando estratégias discursivas para persuadir o auditório. Para alcançar esse objetivo, fundamentamos nossa investigação nos meios de prova propostos por Aristóteles (ethos, pathos e logos), com auxílio da Semiolinguística de Patrick Charaudeau para desvelar os imaginários sociodiscursivos. A análise revela que a defesa constrói uma imagem favorável de Doca Street, ao tempo em que desqualifica a figura da vítima, estabelecendo uma dinâmica discursiva que busca orientar a recepção do júri e do público.

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Biografia do Autor

Patrícia Rodrigues Tomaz, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Doutoranda e Mestra em Letras-Linguística (UFPI). Professora. Advogada. Especialista em Mediação de Conflitos (ESTÁCIO TERESINA). Possui graduação em Letras-Língua Portuguesa pelo Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto - Polo Teresina (2021) e em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas, Saúde, Exatas e Jurídicas de Teresina - CEUT (2013). Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Faculdade Estácio-CEUT (2015). Especialista em Direito das Família e Sucessões pela Faculdade CERS (2023). Tem experiência na área de Direito Público e Privado, com ênfase em Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Civil. Desenvolve pesquisas nas áreas da Argumentação, da Retórica e da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, pesquisando o discurso jurídico. Membra do Núcleo de Pesquisas e Estudos em Análise do Discurso da Universidade Federal do Piauí - NEPAD - UFPI.

Max Silva da Rocha, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Atualmente, é doutorando (2021-2025) em Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGEL) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). É membro do Núcleo de Pesquisas em Análise do Discurso (NEPAD/UFPI/CNPq). Foi professor voluntário do curso de Letras da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL/ campus III Palmeira dos Índios) entre fevereiro de 2020 a março de 2022. Possui mestrado em Linguística, pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura (PPGLL) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL); especialização em Linguística Aplicada na Educação, pela Universidade Candido Mendes (UCAM) e licenciatura em Letras/Português, pela UNEAL/campus III Palmeira dos Índios. Atua nas áreas da Argumentação, da Linguística Textual, da Retórica e da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, pesquisando nos seguintes temas: discursos religioso, teológico, político e midiático. É sócio efetivo da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN), do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste (GELNE) e da Associação Latino-Americana de Estudos do Discurso (ALED). É membro do conselho editorial da Editora Pathos.

João Benvindo de Moura, Universidade Federal do Piauí - UFPI

Professor da graduação e pós-graduação em Letras da UFPI com pós-doutorado em Linguística pela UFMG. Fundador e atual coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Análise do Discurso - NEPAD/UFPI/CNPq. Editor das revistas Form@re e Ininga.

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Publicado
2025-06-03
Como Citar
Tomaz, P., Rocha, M., & Moura, J. (2025). Ângela Diniz no banco dos réus. Revista Eletrônica De Estudos Integrados Em Discurso E Argumentação, 25(1), 368-396. https://doi.org/10.47369/eidea-25-1-4626
Seção
Artigos