Ângela Diniz no banco dos réus
Uma análise retórica e semiolinguística da defesa de Doca Street
Resumo
Este trabalho, inserido nos estudos retórico-discursivos da linguagem, tem como principal objetivo analisar a construção argumentativa do ethos, pathos e logos no discurso de defesa de Doca Street, no caso do assassinato da socialite mineira Ângela Diniz, em 1976. A análise centra-se nos argumentos empregados pelo advogado de defesa, Evandro Lins e Silva, e na forma como ele constrói as imagens do acusado e da vítima, explorando estratégias discursivas para persuadir o auditório. Para alcançar esse objetivo, fundamentamos nossa investigação nos meios de prova propostos por Aristóteles (ethos, pathos e logos), com auxílio da Semiolinguística de Patrick Charaudeau para desvelar os imaginários sociodiscursivos. A análise revela que a defesa constrói uma imagem favorável de Doca Street, ao tempo em que desqualifica a figura da vítima, estabelecendo uma dinâmica discursiva que busca orientar a recepção do júri e do público.
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Referências
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