Projeto de vida ou de dívida?
Discurso e argumentação na esteira da governamentalidade em campanha midiática
Resumo
A desigualdade socioeconômica envolve os sujeitos em diferentes tramas discursivas. Este trabalho analisa discursos que fomentam efeitos do biopoder que visibilizam sujeitos endividados, ressignificando o lugar da dívida através da governamentalidade, destacando também estratégias argumentativas de patemização. Fundamenta-se em Foucault e Amossy (2011, 2020). O corpus é parte da materialidade discursiva midiática da campanha do banco Santander intitulada “De vida”. Realiza-se uma arqueogenealogia das práticas discursivas, sem desconsiderar as emoções suscitadas no processo argumentativo pelo locutor sobre seu alocutário. Observa-se que os discursos produzem vontades de verdade sobre sujeitos endividados que estabelecem modos de subjetivação alicerçados em relações de poder. Essas discursividades da campanha midiática se baseiam também no pathos pela promessa de uma vida melhor, com foco numa governamentalidade como parte do dispositivo que visa naturalizar o endividamento financeiro do sujeito enredado na rede argumentativa de apelos às emoções do alocutário.
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Referências
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