A lógica dos valores segundo Perelman e sua contribuição à análise do discurso
Resumo
Esta contribuição tem por objetivo a tentativa de responder à seguinte questão: por que um(a) analista do discurso, que dispõe de um quadro de reflexão que permite pensar as circunstâncias da enunciação, da subjetividade e da intersubjetividade discursivas, mas também aquelas da dimensão social inerente a qualquer tomada de palavra e posicionamento, teria necessidade de recorrer à “nova” retórica de Chaïm Perelman? Não se lhe deve, de fato, uma teorização inovadora no domínio da linguagem, mas no da filosofia do direito e da argumentação. Se é verdade que a “nova” retórica (doravante NR) concede um lugar central à ancoragem da argumentação nas práticas discursivas, por outro lado ela não conseguiria ser classificada na categoria ducrotiana da “argumentação linguística”. Minha hipótese é de que o recurso a essa teoria, sua necessidade e sua utilidade resultam de um silêncio da maior parte dos pesquisadores em ciências da linguagem sobretudo no que concerne à assunção dos valores, aos lugares discursivos da avaliação axiológica e à tomada de posição ética em relação ao sujeito de enunciação. A questão da assunção linguística e/ou discursiva da verdade referencial começa, certamente, a surgir no horizonte dos questionamentos científicos, mas o silêncio reina ainda nos espaços discursivos onde o sujeito do discurso julga e avalia não a fim de distinguir o verdadeiro do falso ou o real referencial da ficção, mas a fim de se pronunciar sobre o “preferível”, seja o justo, o injusto, o bem ou o mal.
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