Hermes está entre nós! O discurso de S. Paulo em Listra
Resumo
O presente artigo visa a refletir sobre a construção discursiva do orador, observando as adaptações a que essa representação é submetida diante de seu auditório. O corpus constitui-se pelo discurso do apóstolo Paulo em Listra, registrado em Atos 14.15-17. Como base teórica, servimo-nos dos conceitos da Nova Retórica, de Chaïm Perelman e seus sucessores; quanto à gramática da língua gregaii, utilizamos o arcabouço teórico de Henrique Murachco. Relativamente à Nova Retórica, não há dúvidas de que ela trouxe vida aos estudos retórico-argumentativos, de modo que a análise das operações de persuasão, presentes nas mais diversificadas modalidades discursivas, pode nela amparar-se, a fim de compreender e descrever os processos pelos quais o orador se empenha com vistas ao assentimento de sua audiência. Conceitos como êthosiii, lógos, páthos, dóxa etc. sustentam o exame das diferentes manobras de influência, pois a imagem projetada do orador, que apoia os seus argumentos no universo de crenças, paixões e valores admitidos, manifesta-se no discurso, não sem antes ter sofrido coerções provenientes das representações daqueles a quem se dirige. Como o orador se constrói em função da imagem de seu auditório, os ajustes lhe serão determinantemente necessários se ele quiser mostrar vínculo pessoal e alcançar consentimento e participação. De fato, êthos e páthos se integram, haja vista que a comunhão dos espíritos e as operações persuasivas serão estabelecidas por meio das representações que um faz do outro. Enquanto o orador se projeta e a seu auditório pelo seu modo de dizer, fazendo o sentido vir à existência por meio de seu discurso, é por este que a audiência reconhece o caráter de quem fala e, ao mesmo tempo, (re)constrói o sentido, avaliando-os, atribuindo-lhes graus de identificação, aceitando ou não a sua legitimidade.
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