A argumentação no tribunal do júri: emoção e empatia do advogado de defesa em casos de homicídio
Resumo
Analisar a argumentação presente na sustentação oral de um advogado que defende um réu homicida e a sua relação com o convencimento dos jurados é o propósito deste trabalho. Dessa forma, fundamenta-se na nova retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996); na sequência argumentativa de Adam (2011), em diálogo com as teorias de emoção, com Plantin (2011) e empatia com Rabatel (2013). Com a finalidade de padronizar a transcrição do corpus, ele foi passado para as normas do Projeto da Norma Urbana Oral Culta (NURC). A análise do dado aponta para os seguintes resultados: a sequência argumentativa seguiu o nível justificativo; sobre o argumento emocional, notamos que foi marcado por lexemas subjetivos; por fim, sobre o argumento empático, verificamos que os mais recorrentes foram a de que L1/E1 se colocar no lugar dos jurados, para evitar arrependimentos futuros, e, o do L1/E1 se colocar no lugar da mãe da vítima.
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