A argumentação no tribunal do júri: emoção e empatia do advogado de defesa em casos de homicídio

Palavras-chave: Tribunal do júri, Argumentação, Emoção, Empatia

Resumo

Analisar a argumentação presente na sustentação oral de um advogado que defende um réu homicida e a sua relação com o convencimento dos jurados é o propósito deste trabalho. Dessa forma, fundamenta-se na nova retórica de Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996); na sequência argumentativa de Adam (2011), em diálogo com as teorias de emoção, com Plantin (2011) e empatia com Rabatel (2013). Com a finalidade de padronizar a transcrição do corpus, ele foi passado para as normas do Projeto da Norma Urbana Oral Culta (NURC). A análise do dado aponta para os seguintes resultados: a sequência argumentativa seguiu o nível justificativo; sobre o argumento emocional, notamos que foi marcado por lexemas subjetivos; por fim, sobre o argumento empático, verificamos que os mais recorrentes foram a de que L1/E1 se colocar no lugar dos jurados, para evitar arrependimentos futuros, e, o do L1/E1 se colocar no lugar da mãe da vítima.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Karla Stéphany de Brito Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Brasil

Formada em controle ambiental pelo IFRN (2014), onde desenvolveu atividades como bolsista pelo programa de formação de recursos humanos - Petrobras (PFRH). Graduada em Letras- Língua Portuguesa, pela UFRN em 2020, onde desenvolveu atividades como bolsista de Iniciação Científica, atuando no projeto de pesquisa "A sentença judicial: suas narrativas, a tipologia textual e a intergenericidade". Mestra em Linguística Teórica e Descritiva pela UFRN, com a dissertação "DISPOSITIVOS ENUNCIATIVOS CONSTRUINDO A VISADA ARGUMENTATIVA DE ADVOGADOS DE DEFESA NA SUSTENTAÇÃO ORAL EM CRIMES DE HOMICÍDIOS". Atualmente, é doutoranda do programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL), em Linguística Teórica e Descritiva, vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trabalha com a interface LETRAS-DIREITO desde 2016, com um foco na argumentação.

Maria das Graças Soares Rodrigues, UFRN

 Tem doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (2002) e Pós-doutorado pela Universidade de Lausanne, na Suíça (2016). Atualmente é Professora Associada IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Referências

ADAM, Jean-Michel. A linguística textual: introdução à análise textual dos discursos. Tradução: Maria das Graças Soares Rodrigues, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi e Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin. 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Cortez, 2011.

ADAM, Jean-Michel. O que é Linguística Textual? In: SOUZA, Edson Rosa Francisco de; PENHAVEL, Eduardo; CINTRA, Marcos Rogério (orgs.). Linguística Textual: interfaces e definições. Homenagem a Ingedore Grünfeld Villaça Koch. São Paulo: Cortez, 2017. p. 23-57.

ADAM, Jean-Michel. Textos: tipos e protótipos. Tradução: Mônica Magalhães Cavalcante et al. São Paulo: Contexto, 2019.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 02 jul. 2021.

LIMA, Renato Sérgio de. Evolução de mortes violentas intencionais no Brasil. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/07/anuario-2021-completo-v6-bx.pdf Acesso 20. Set. 2022.

MEYER, Michel. Aristóteles ou a retórica das paixões. In: ARISTÓTELES. Retórica das paixões. Tradução do grego: Isis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e pesquisa científica em ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

OLIVEIRA, Hellen Silveira Jardim de; OLIVEIRA, Renato José de. Retórica e argumentação: contribuições para a educação escolar. Educar em Revista. Curitiba, v. 34, n.70, p.197-212, jul./ago. 2018.

PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da Argumentação: a nova retórica. Tradução: Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

PLANTIN, Christian. Les bonnes raisons des émotions. Principes et méthode pour l’étude du discours émotionné. Bern: Peter Lang, 2011.

PLANTIN, Christian. As razões das emoções. Tradução: Emília Mendes. In: MENDES, Emília; MACHADO, Ida Lucia (orgs.). As emoções no discurso. v. II. Campinas: Mercado de Letras, 2010. p. 57-80.

RABATEL, Alain. Empathie et émotions argumentées en discours. In: RABATEL, Alain. Le discours et la langue. Cortil-Wodon: Editions modulaires européennes, 2013. p. 159-178.

RABATEL, Alain. Empathie, points de vue, méta-représentation et dimension cognitive du dialogisme. Revue Ela – Études de linguistique appliquée, n. 173, p. 27-45, 2014.

RABATEL, Alain. Homo Narrans: por uma abordagem enunciativa e interacionista da narrativa – pontos de vista e lógica da narração - teoria e análise. Tradução: Maria das Graças Soares Rodrigues, Luis Passeggi, João Gomes da Silva Neto. São Paulo: Cortez, 2016. v.1

RAMOS & VALADÃO SOCIEDADE DE ADVOGADOS. Tribunal do Júri - Dr. William Ramos - Réu absolvido. Youtube, 24 de abril de 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gV_17TRTEA0&t=1799s. Acesso em: 20 set. 2022.

SILVA, Karla Stéphany de Brito. Dispositivos enunciativos construindo a visada argumentativa de advogados de defesa na "sustentação oral" em crimes de homicídios. 2022. 306f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.

Publicado
2022-12-28
Como Citar
Silva, K. S., & Rodrigues, M. das G. (2022). A argumentação no tribunal do júri: emoção e empatia do advogado de defesa em casos de homicídio. Revista Eletrônica De Estudos Integrados Em Discurso E Argumentação, 22(3), 110-129. https://doi.org/10.47369/eidea-22-3-3530
Seção
Artigos