O primado da disposição: Dziga Vertov e a exaltação do homem soviético
Resumo
Este artigo objetiva analisar o importante trabalho cinematográfico executado pelo cineasta russo Dziga Vertov, com destaque para o fundamental documentário Um homem com uma câmera, produzido em 1929. Seu cinema está inserido em algo definido por Sergei Eisenstein como parti-pris – tomada de posição –, um tipo de produção fílmica que pensa por imagens (XAVIER, 2014), refutando a linearidade própria da decupagem clássica calcada em um tipo narrativo-representativo. Os principais eixos defendidos por Vertov são: Kino-Pravda (cinema verdade); Kino-Glaz (Cine-Olho), com a montagem sendo estruturada de forma dialética. Esse último ponto terá nossa atenção, considerando o sistema retórico e as quatro partes da retórica – invenção, disposição, elocução e ação (REBOUL, 2004). Partimos do princípio de que o cinema praticado pelo cineasta russo é sedimentado na disposição e na mobilização do gênero epidítico, materializado na exaltação dos valores soviéticos. Esses eixos serão contemplados em nossa discussão.
Downloads
Referências
ALVARENGA, Nilson Assunção; CONCEIÇÃO, Pedro Nogueira. Dziga Vertov e as vanguardas cinematográficas: o construtivismo russo em diálogo com o impressionismo francês. In: JÚNIOR, Carlos Pernisa (org.). Vertov: o homem e sua câmera. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009, p. 73-85.
AMOSSY, Ruth. A argumentação no discurso. Coordenação da equipe de tradução: Eduardo Lopes Piris e Moisés Olímpio-Ferreira. São Paulo: Contexto, 2018.
ARISTÓTELES. Retórica. Tradução: Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2011.
COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Seleção e organização: Cesar Guimarães e Rubens Caixeta. Tradução: Agustin de Tuguy, Oswaldo Teixeira e Rubens Caixeta. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2008.
DANBLON, Emmanuelle. L’homme rhétorique: culture, raison, action. Paris: Les Éditions du Cerf, 2013.
FIORIN, José Luiz. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2016.
KRACAUER, Siegfried. De Caligari a Hitler: uma história psicológica do cinema alemão. Tradução: Tereza Ottoni. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
MEYER, Michel. A retórica. Tradução: Marly N. Peres. São Paulo: Ática, 2007.
NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Tradução: Mônica Saddy Martins. 5.ed. Campinas: Papirus, 2014.
ORLANDI, Eni Pulccinelli. Análise de discurso: princípios & procedimentos. 12.ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução: Maria Ermantina Galvão. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
REBOUL, Olivier. Introdução à retórica. Tradução: Ivone Castilho Benedetti. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
XAVIER, Ismail. A experiência do cinema: antologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilmes, 2008.
XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. 6.ed. São Paulo: Paz e terra, 2014.
Copyright (c) 2022 Autor e Revista EID&A
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).