Ethos racista de cor no futebol brasileiro: uma construção histórico-ideológica
Resumo
Objetiva-se examinar as representações histórico-ideológicas racistas de cor, produzidas no cenário do futebol brasileiro, referendando-se no seguinte problema de pesquisa: de que maneira o negro pode construir uma imagem positiva de si, se os discursos emergentes o colocam num lugar vazio, sem reconhecimento social, até mesmo no âmbito de um território convencionalmente construído como seu? Ancora-se na hipótese de que o ethos racista no futebol é uma construção histórico-ideológica, uma estereotipagem, gestada nas instâncias discursivas quotidianas do negro, em suas múltiplas relações com o outro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, alicerçada na Análise do Discurso. Para tanto, fundamenta-se teórico-metodologicamente em Amossy (2007; 2008) e na visão de ethos apresentada por Maingueneau (2008a; 2008b), numa dialogicidade com teóricos das Ciências Humanas e Sociais pertinentes ao racismo de cor: Guimarães (2004; 2008), Munanga (2006) e outros de extrema relevância como Bourdieu (2011), no que tange às concepções de território e fronteira.
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