Os desafios das posturas enunciativas e de sua utilização em didática
Resumo
Esse artigo faz um balanço sobre a questão das posturas enunciativas. Ele começa distinguindo a coenunciação da colocução e define as posturas a partir do papel dos enunciadores na coconstrução dos pontos de vista: a coenunciação corresponde à coconstrução pelos locutores de um ponto de vista comum, que os engaja enquanto enunciadores. A super-enunciação é definida como a coconstrução desigual de um ponto de vista dominante e a sub-enunciação consiste na coconstrução desigual de um ponto de vista dominado. Essas três posturas permitem dar conta mais detalhadamente dos continuum entre consenso e dissenso, articulando a construção do dizer, ao longo do discurso, com as dimensões cognitivas e interacionais, cujos traços é possível encontrar pela análise da enunciação e da referenciação. A segunda parte apresenta o quadro teórico enunciativo das posturas, cruzando uma concepção ampliada da enunciação (incipiente em Benveniste), a disjunção locutor/enunciador de Ducrot e as teorias da interação. A terceira parte apresenta uma genealogia das posturas, por meio da análise de situações interacionais e polissemióticas complexas. A quarta parte propõe uma análise inédita de um corpus de iniciação a uma língua estrangeira na escola primária. Por fim, o artigo conclui sobre a pertinência de se levar em conta as posturas no estudo dos conceitos didáticos de contrato didático e de partilha, ligados à cronogênese e à topogênese.Downloads
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