Por que os educadores devem preocupar-se com argumentação?
Resumo
Educadores que refletem sobre suas práticas educacionais fazem a si mesmos perguntas como: Qual é o objetivo da educação? Quais coerções morais, metodológicas ou outras guiam nossas atividades e esforços educacionais? Um lugar natural para procurar por respostas é a Filosofia da Educação, a qual (dentre outras coisas) tenta fornecer respostas sistemáticas para essas questões. Uma resposta comum dada pela Filosofia da Educação é que o objetivo da educação consiste em fomentar o desenvolvimento da racionalidade dos alunos. Nesse ponto de vista, a educação tem como tarefa fundamental tanto o desenvolvimento da capacidade de raciocínio, quanto a formação de um complexo de atitudes, de hábitos da mente, de disposições e de marcas de caráter, de modo que os estudantes sejam capazes não apenas de raciocinar bem, mas também de se importarem acerca das razões e de organizarem suas crenças, julgamentos e ações em consonância com a avaliação racional das razões. A Teoria da Argumentação também se ocupa da análise do poder e da força de convencimento do raciocínio. Quando as razões para uma alegação justificam a aceitação dessa alegação? Sob quais critérios os raciocínios são avaliados? Como esses critérios são justificados? Questões como estas são o arroz e o feijão da Teoria da Argumentação, que, na procura de respostas, promete clarear o caráter da racionalidade como o objetivo da educação. A racionalidade, que conecta a educação à Teoria da Argumentação, fornece aos educadores uma razão para se preocuparem com argumentação – se ela puder ser convincentemente defendida enquanto um ideal educacional. Neste artigo, tentarei defender essa ideia e, assim, explicar por que educadores devem se preocupar com a argumentação. A defesa será moral: vou defender que somos moralmente obrigados a nos esforçar para promover a racionalidade dos estudantes, porque isso é necessário para satisfazer nossas obrigações de tratar os alunos respeitosamente como pessoas. Também considerarei algumas críticas gerais aos ideais iluministas de racionalidade, advindos de pesquisadores do Feminismo, do Multiculturalismo e do Pós-modernismo. Se tais críticas procedem, então tanto a Teoria da Argumentação quanto a visão de que a educação deve ter como objetivo fomentar a racionalidade encontram-se ameaçadas. Vou argumentar que tais críticas, embora importantes e instrutivas, não são tão destrutivas do ideal de racionalidade como alguns estudiosos contemporâneos sugerem.
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