As naus: o lugar de ancoragem do outro na formação identitária da pátria portuguesa
Resumo
António Lobo Antunes se destaca como uma das vozes mais significativas da literatura produzida em Portugal no período pós-revolução. Em seu romance As Naus (1988), faz uma releitura da história das conquistas ultramarinas de Portugal – seus mitos, glórias e infortúnios. O romance, numa perspectiva atemporal, paródica e dessacralizante, traz, para o século XX, figuras emblemáticas do passado que construíram a História de Portugal, tais como: Pedro Álvares Cabral, Diogo Cão, Luís de Camões, D. Sebastião, Vasco da Gama, entre outros. Com um tom irônico, a narrativa faz uma reflexão sobre a identidade portuguesa, fundamentada num passado glorioso que já não mais existe, a não ser na memória de um povo que vive da imaginação de uma época remota. E é essa matéria identitária de Portugal que será objeto do nosso estudo. Propomo-nos, no artigo ora apresentado, a discorrer sobre algumas das estratégias discursivas utilizadas na narrativa de Lobo Antunes a partir da fundamentação teórica de Ângela Beatriz Faria, Maria Alzira Seixo, Zilá Bernd e outros que se fizerem necessários durante a análise da obra. Situando As Naus a partir de uma realidade pós-moderna, utilizaremos como paradigma norteador da nossa pesquisa o âmbito dos estudos culturais, e para tanto citaremos nomes como Homi Bhabha, Linda Hutcheon e Stuart Hall.Downloads
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