Sujeira, Xenitéia e Parresía em Roland Barthes.

  • Sarug Dagir Ribeiro UFMG
  • Fábio Roberto Rodrigues Belo UFMG
Palavras-chave: literatura, profanação, subjetividade, parafilias.

Resumo

Analisaremos a aula do dia 27 de abril de 1977 de R. Barthes, em que o autor, tomando a literatura sadiana, faz uma reflexão sobre a sujeira, sobretudo, como nós nos relacionamos com ela no viver junto. Nossa hipótese é que o sentido da sujeira tomado pelo autor constitui uma importante matéria sociopolítica, a ser trabalhada num modo de vida, para além das normalizações e classificações psicopatológicas das parafilias. Nosso método de trabalho será a análise sistemática do respectivo texto, fazendo-o trabalhar, indo nas suas entrelinhas, e, então, retomaremos pressupostos psicanalíticos e filosóficos que nos permitam fundamentar nossa hipótese. Nossos resultados prevêem que a proposição barthesiana sobre a relação entre sujeira, Xenitéia e Parresía é notoriamente focada em rupturas e subversões que se operam em relação a padrões de comportamentos sexuais, linguagens e estilos literários. Afiançamos também que o pensamento foucaultiano continua o projeto barthesiano em favor do uso das sexualidades dissidentes para a criação de novas formas de existência além do discurso normativo da sexualidade.

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Biografia do Autor

Sarug Dagir Ribeiro, UFMG
Psicóloga, Mestre em Letras, e doutoranda em Psicologia
Fábio Roberto Rodrigues Belo, UFMG
Doutor em Literatura Comparada e Professor Adjunto do Departamento de Psicologia da UFMG

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Publicado
2018-11-05
Como Citar
Ribeiro, S., & Belo, F. (2018). Sujeira, Xenitéia e Parresía em Roland Barthes. Litterata: Revista Do Centro De Estudos Hélio Simões, 8(1), 27-41. https://doi.org/10.36113/litterata.v8i1.1805