Da absolvição pelo amor

  • Renato Pardal Capristano
Palavras-chave: Amor. Mitologia. Redenção Estética.

Resumo

Pode o amor redimir a existência? Partindo da visão clássica de amor expressa em O banquete, de Platão, buscamos aqui colocar em perspectiva as questões que se abrem nas estrofes finais dos cantos V e X da epopeia camoniana, trechos em que um sentimento de pessimismo parece distanciar o poeta de sua posição inicial de orgulho. Para a problematização dessa ruptura, propomos uma rápida análise de temas históricos e sociais do reino português no contexto do renascimento. Sem ser possível encerrar a questão nessa análise, sobressai a dissidência do poeta em relação ao pragmatismo material de seu tempo, confirmada na concepção mitológica da Natureza expressa em sua obra. A apreciação do episódio da “insula divina”, presente nos cantos IX e X do poema, e a ideia de “procriação no belo” e a contemplação da “grande máquina do mundo” surgem para resolver o problema. Resta ainda prever as reverberações desse destino em Mensagem, de Fernando Pessoa. O que no renascentista pudemos perceber como uma solução que tendia para a ideologia de expansão da natureza nas formas interventoras de figuras mitológicas, em Fernando Pessoa revelou-se como a designação de um destino ainda (ou novamente) porvir. 

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Publicado
2016-11-11
Como Citar
Capristano, R. (2016). Da absolvição pelo amor. Litterata: Revista Do Centro De Estudos Hélio Simões, 6(1), 69-80. https://doi.org/10.36113/litterata.v6i1.1206