Aísthēsis e anámnēsis no Fédon
Résumé
Este artigo pretende apresentar uma leitura do Fédon com o propósito de tematizar o que se considera constituir-se, nesse diálogo, uma teoria positiva da percepção sensível (aísthēsis). Por tal teoria positiva entendese o reconhecimento do papel da aísthēsis numa ciência que é concebida como rememoração (anámnēsis). O papel positivo concedido à percepção sensível nessa teoria da verdade advém unicamente da possibilidade da transformação desta última em imagem (ou aspecto sensível, eídos) na reflexão (diánoia) ou concepção (énnoia). Trata-se aí de uma interiorização da aísthēsis somente possível com base no primado das idéias, pois se é própria à percepção sensível a duplicidade de significados, fazendo-nos lembrar tanto pela sua semelhança como pela sua dessemelhança ao objeto conhecido, cabe unicamente à ideidade noética desse último o matrizamento da rememoração que a percepção sensível nos possibilita. Assim, a hierarquia da idéa sobre a aísthēsis, longe de levar a uma negação dessa última, significa o reconhecimento positivo e a explicitação conceitual do estatuto da aísthēsis, graças às próprias relações estabelecidas entre uma e outra na teoria das idéias exposta no Fédon e, simultaneamente, na distinção, fundada nessa mesma teoria, entre o corpo e a alma.
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