Especiaria: Cadernos de Ciências Humanas https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria <p><span style="font-weight: 400;">A&nbsp;Revista Especiaria - Cadernos de Ciências Humanas&nbsp;(ISSNe: 2675-5432) existe desde 1998, recebe artigos, resenhas e traduções de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, em português, inglês, francês, </span><span style="font-weight: 400;">italiano</span><span style="font-weight: 400;"> ou espanhol, da grande área de ciências humanas, se apresentando assim como uma revista interdisciplinar. As submissões seguem fluxo contínuo, através de demanda livre e convite editorial, incluindo propostas de dossiês temáticos,&nbsp; artigos, resenhas, entrevistas e traduções que difundam o conhecimento científico.</span></p> Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) pt-BR Especiaria: Cadernos de Ciências Humanas 1517-5081 Expediente https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2553 Isaias Carvalho ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 1 4 Apresentação https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2536 Josué Cândido da Silva Juliana Pinheiro Rogério Tolfo ##submission.copyrightStatement## 2019-12-04 2019-12-04 19 34 5 5 Dieta anticolonialista à base das nossas raízes: miúdos metafísicos europeus e enlatados pragmáticos americanos fazem mal à saúde https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2539 <p>Nesse ensaio, recorrendo à analogia de um jantar recital, eu proponho uma desintoxicação do ‘mal-estar na civilização’ por meio da substituição da dieta à base de enlatados pragmáticos norte-americanos e miúdos metafísicos europeus (<em>e.g</em>.: “Chef” Bruno Latour, um dos grandes responsáveis pela “anemia política” disseminada na academia, costuma ser adotado como cardápio principal em muitas linhas de pesquisa no Brasil e na América Latina) por uma rica em nossas próprias raízes, tais como aquelas referentes ao pensamento social contra-hegemônico (Lélia Gonzalez, Silvia Cusicanqui, Djamila Ribeiro, entre outras) e à cultura popular (Elza Soares, Conceição Evaristo e Luedji Luna, entre outras); o que não significa virar as costas para o Velho Mundo, sob pena de reproduzir o que ele tem de pior em termos de rechaço à alteridade, pois ainda podemos manter uma interação edificante com as tradições marxista e hermenêutica (para ficar nos dois exemplos presentes no texto), bem como dialogar com autores da verve de uma Silvia Federici e da aura de um Walter Benjamin.</p> André Luis de Oliveira Mendonça ##submission.copyrightStatement## 2019-12-04 2019-12-04 19 34 6 27 10.36113/especiaria.v19i34.2539 O conhecimento (Co-nascer) dos entes a partir das palavras ou sobre a relação ontológica entre as palavras e os entes https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2540 <p>O presente artigo pretende refletir sobre a relação ontológica entre as palavras e os entes no pensamento de Heidegger. Essa relação é legitimada a partir da assertiva heideggeriana: “A linguagem é a casa do ser”. Dizer que a linguagem é a casa do ser implica em aquiescer que tudo o que é, somente pode sê-lo à medida que pode ser dito. Nesse sentido, a palavra seria aquilo que ilumina o ser de ente. Todavia, para garantir que cada ente seja, precisamente, aquilo o que ele é, faz-se necessário que o mesmo seja iluminado por uma palavra apropriada e competente que, somente dessa maneira, poderia sustenta-lo. A nomeação dos entes não é, por conseguinte, mera convenção entregue ao arbítrio do homem. Sendo assim, urge o questionamento: de que modo articulam-se, ontologicamente, os entes e as palavras? Como o homem pode conhecer o ser do ente ou, o que é o mesmo, de que modo o homem pode conhecer a palavra que o nomeia e, assim a conhecendo, nomeá-lo, convoca-lo, de modo a permitir-lhe fazer-se visível? A discussão exigirá que se pense o fenômeno do conhecimento desde uma dimensão mais radical, onde conhecimento diz respeito a uma experiência arcaica a partir de onde eclodem – co-nascem – tanto o ente que requisita, a partir de uma palavra, um sentido para ganhar mundo, como também o ente que acolhe essa requisição, dizendo-o, nomeando-o. A cadência ou modo desse co-nascimento é regido por aquilo que Heidegger denomina de <em>Ereignis</em> – acontecimento-apropriativo.</p> Carlos Roberto Guimarães ##submission.copyrightStatement## 2019-12-04 2019-12-04 19 34 28 41 10.36113/especiaria.v19i34.2540 Lélio Gama: a formação de um matemático nos anos 1910-1920 no Rio de Janeiro https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2541 <p>O objetivo deste artigo consiste em apresentar a formação acadêmica, obtida em nível superior, de Lélio Gama. A pergunta básica que nos move nesta descrição é a seguinte: por que e como uma pessoa, que não tem formação oficial em matemática, pode ser convidada para organizar o curso superior de matemática de uma universidade que pretendia representar uma transformação radical no cenário acadêmico da então capital federal? Nossa hipótese é que, no Brasil do início do século passado, mais importante do que a titulação recebida em centros de ensino, o que contava era o contato em sala de aula, laboratórios, ou ainda, nos corredores e cafés, com pessoas com conhecimento de causa sobre o que seria um autêntico centro de pesquisa. No caso de Lélio Gama, possivelmente, o contato com seu pai e com o Observatório Nacional foi decisivo para que ele pudesse se reconhecer e ser reconhecido como um matemático profissional.</p> Fábio Ferreira de Araújo Antonio Augusto Passos Videira ##submission.copyrightStatement## 2019-12-04 2019-12-04 19 34 42 78 10.36113/especiaria.v19i34.2541 Ciência, verdade, invenção: uma reflexão sobre a questão da ciência em Heidegger e Derrida https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2543 <p>O presente texto tem como objetivo assinalar de forma resumida algumas posições centrais apresentadas por Martin Heidegger e Jacques Derrida acerca da ciência. Três eixos norteiam a apresentação, a saber, a análise do modo do procedimento científico, a relação entre ciência e técnica e a crítica ao projeto de unificação totalizante e teleológico da filosofia, em contraponto à pluralidade das ciências. Os dois primeiros pontos são pensados a partir das reflexões de Heidegger, em momentos diferentes de seu pensamento. O terceiro ponto visa apresentar a posição de Derrida em uma conferência acerca da relação entre ciência e filosofia em um horizonte de perplexidade em relação ao recrudecimento do irracionalismo.</p> Fernando Fragozo ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 79 90 10.36113/especiaria.v19i34.2543 Realidade e imaginário burocrático: entre exercício espiritual e metáfora da visão https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2555 <p>A burocracia atua através de uma codificação radical do imaginário. O esvaziamento e a desregulamentação da dimensão temporal própria da existência é o primeiro passo dessa operação de subserviência do espírito, como muito bem compreendeu Kafka baseado nas considerações desenvolvidas por Arthur Holitscher em Amerika Heute und Morgen. A Lei, dessa maneira, paira nesse espaço vazio, enquanto pura forma (sem conteúdo), no qual corresponde a queda do sujeito sobre o plano culpado de não conformidade programática. Nos exercícios espirituais di Loyola se apresenta uma rigorosa disciplina do tempo existencial do ponto de vista quantitativo, proporcionando-lhe o preâmbulo para o processo de mecanização integral da vida. O capitalismo burocrático herdará a partir desta visão apenas o sentimento generalizado de culpa, mas sem disponibilizar nenhum dispositivo de salvação. Kafka, em Metamorfosi, analisa com lucidez essa degeneração da vida em máquinas infernais, em que o gesto humano - em sua repetitividade - cria sua própria punição.</p> Gianluca Cuozzo Roberto Sávio Rosa ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 91 103 10.36113/especiaria.v19i34.2555 Uma análise e crítica do pensamento teórico em Herman Dooyeweerd https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2545 <p>Este trabalho tem como foco principal a apresentação e breve explicação da filosofia de Herman Dooyeweerd, mais precisamente sua crítica ao pensamento teórico. Filósofo e Jurista holandês, Dooyeweerd desenvolve uma crítica construtiva deveras importante para a discussão dos limites da razão e do conhecimento, por meio de uma crítica transcendental. O <em>insight</em> dooyweerdiano de reformular a ideia neocalvinista de Kuyper da Teoria das Esferas mostrou-se muito importante no desenrolar de uma discussão acerca da constituição da realidade cosmológica. Exponho de forma simples a maneira que essas esferas modais nos possibilitam uma experiência com o cosmos e como isso nos leva a uma crítica epistemológica não reducionista. Por último, concluo comentando os quatro <em>motivos-base</em> e o porquê do motivo cristão ser diferente dos demais.</p> Heros Falcão Araújo ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 104 112 10.36113/especiaria.v19i34.2545 O conhecimento sintético a priori da moralidade https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2546 <p>Este artigo examina o impacto do problema de causalidade na filosofia moral de Kant, mais especificamente a influência de Hume na visão de Kant sobre o livre arbítrio. Em uma investigação sobre o entendimento humano, Hume argumenta que não podemos saber apenas por meio de nossas capacidades intelectuais que efeito um determinado evento trará sem uma base empírica. A causalidade, portanto, equivale apenas a um hábito, que não tem fundamento lógico. Este é o primeiro problema levantado por Hume, ao qual Kant dedica grande parte de sua <em>Crítica da razão pura</em>. Um segundo problema tem a ver com a questão da liberdade, particularmente o dilema colocado pelo determinismo, que consiste na aparente impossibilidade de saber se nossas ações são ou não uma conseqüência das escolhas livres. Kant procura responder a este segundo problema em sua filosofia moral, notadamente nos <em>Fundamentos da metafísica da moral</em> e na <em>Crítica da razão prática</em>. Afirmo que em Kant o conceito de "transcendental" é a chave não apenas para responder ao problema teórico da causalidade, mas também para enfrentar o problema prático da liberdade. O que distingue o exame moral de Kant é precisamente uma análise crítica da razão. Seu projeto moral faz parte de um projeto crítico abrangente, em que o conhecimento teórico e prático está entrelaçado.</p> Inês Salgueiro ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 113 143 10.36113/especiaria.v19i34.2546 Heidegger e a interpretação ontológica dos “riscos” da técnica moderna https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2547 <p>Nosso objetivo neste artigo é apresentar o que Heidegger entende por técnica moderna, demonstrando que não há neste autor, ao contrário do que se pensa, uma desautorização da técnica; há, para ele, o reconhecimento de um perigo na técnica moderna, mas esse não tem um sentido de ameaça moral, de destruição. O perigo, ao invés de ser mostrado nas possíveis ameaças dos desenvolvimentos dos instrumentos técnicos, os antecede, fazendo parte da relação originária que o homem tem com o ser. Isso faz a abordagem heideggeriana desviar-se das tradicionais, relacionando-a com a questão do “destino” do ser. Diagnósticos antropológicos (técnica vista como meio para fins), epistemológicos (técnica vista a partir do conhecimento cientifico), etc. serão colocados entre parênteses em nome do nível ontológico. Neste nível, a técnica salta do âmbito instrumental para o âmbito da essência, essência que abrigará o que “ameaça” e o que “protege” o ser do humano num tempo em que a tecnologia ocupa todo espaço da vida humana.</p> José Roberto da Silva ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 144 162 10.36113/especiaria.v19i34.2547 Cartas de Voltaire de 1762 a 1765: história e filosofia clandestina https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2548 <p>A proposta do presente artigo é observar em linhas gerais as relações entre a “Philosophie de l’Histoire” de François-Marie Arouet – conhecido como Voltaire – e a literatura clandestina em geral do século XVIII. Tratou-se de uma pesquisa exploratória, preocupada em: i) possibilitar um primeiro contato com a bibliografia de referência sobre o assunto; ii) teorizar e estruturar as formas metodológicas mais apropriadas ao tratamento do assunto; iii) observar como as discussões sobre a História apresentadas por Voltaire têm relação com as leituras sobre a História encontradas nos diversos textos clandestinos em circulação naquele momento.</p> Leandro de Araújo Sardeiro ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 163 178 10.36113/especiaria.v19i34.2548 Niilismo, verdade e conflito na hermenêutica filosófica de Gianni Vattimo https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2549 <p>Este artigo desenvolve a tese segundo a qual o niilismo é conatural a hermenêutica filosófica, segundo Gianni Vattimo. A afirmação dessa tese não implica a negação da verdade, mas sim, uma saída da metafísica da presença e de seu conceito de verdade como <em>adaequatio</em>, o que implica afirmar que, também, o conflito é conatural na hermenêutica filosófica e que, por sua vez, abre o caminho para pensar uma política a partir do enfraquecimento da hermenêutica em Gianni Vattimo.</p> Luis Uribe Miranda ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 179 191 10.36113/especiaria.v19i34.2549 “A morte de Deus” em Dostoievski e Nietzsche https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2550 <p>O artigo desenvolvido pretende abordar o escritor russo Fiodor Dostoievski e o filósofo alemão Friedrich Nietzsche considerando o processo de investigação pelo qual se lançaram quanto "à morte de Deus", tendo em vista que ambos os autores levaram tal questão às suas últimas consequências em termos de seus corolários futuros e possíveis para o ser humano. Tentaremos indicar que, embora existam similaridades e afinidades entre os dois autores, visto que ambos anunciam (o contexto da) morte de deus, buscaremos evidenciar de alguma forma as suas direções últimas que, no limite, se confrontam, visto que Dostoievski aponta para a redenção, caminho precisamente oposto tomado por Nietzsche.</p> Rafael Ribeiro de Almeida ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 192 205 10.36113/especiaria.v19i34.2550 Fenomenologia-hermenêutica das ciências naturais: inautenticidade e autenticidade https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2551 <p>No presente artigo, nossa meta principal é mostrar a possibilidade de desenvolvimento de uma hermenêutica das ciências naturais, pautada pela perspectiva fenomenológico-hermenêutica, considerando o modo de ser autêntico do <em>Dasein</em>. As imagens de ciência podem ser oriundas de uma perspectiva epistemológica ou de uma perspectiva ontológica. A primeira visa uma reconstrução racional da ciência. A segunda tem como objetivo investigar a origem, a gênese, da ciência e do fenômeno científico. Pretendemos tornar claro, considerando Kockelmans e sua tese de que o foco central da hermenêutica das ciências naturais é a tematização objetificante, que os autores que defendem o caráter hermenêutico das ciências naturais, não transitam na dimensão da existência autêntica. O trânsito no âmbito da autenticidade envolve questões e temas como a angústia, verdade, morte, tempo e história, enfim, envolvem os temas do nada e da finitude.</p> Rogério Tolfo ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 206 220 10.36113/especiaria.v19i34.2551 O significado da memória e da imaginação na possibilidade da história, com referência a Paul Ricœur https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2552 <p>Na parte inicial de <em>A memória, a história, o esquecimento</em> (2000), Paul Ricœur tematiza metodicamente o conceito de memória e, devido às correlações estreitas que guarda com a mesma, o de imaginação. As leituras da filosofia moderna e de fontes científicas e psicanalíticas são comandadas pelo campo de questões abertas pela exploração das analogias fundantes que, na antiguidade, permitiram formar expressamente o significado desses conceitos. A hermenêutica fenomenológica, convocada para abordar a “memória coletiva” e ingressar na epistemologia da história, delineia-se com a retomada crítica da fenomenologia husserliana. No presente artigo, pretende-se avaliar a contribuição do percurso ricoeuriano, no tocante à imaginação, para a epistemologia da história.</p> Sanqueilo de Lima Santos Rodrigo Ramos de Oliveira ##submission.copyrightStatement## 2019-12-05 2019-12-05 19 34 221 240 10.36113/especiaria.v19i34.2552