O olhar contido e o passo em falso

  • Jeanne Marie Gagnebin
Palavras-chave: Walter Benjamin, Estética, Percepção, Aura, Tatibilidade

Resumo

A primeira hipótese de trabalho consiste em afi rmar uma relação recíproca entre as transformações histórico-sociais da percepção humana, transformações estéticas no sentido amplo e etimológico de aisthèsis, as transformações das concepções estéticas no sentido restrito de doutrinas sobre a(s) arte(s) e as transformações das práticas artísticas. Evoco a importância do fi lósofo e sociólogo Georg Simmel, que foi lido e estudado por Adorno e por Benjamin. Simmel é um dos primeiros a tematizar de maneira explícita as transformações da percepção humana que a vida cotidiana nas grandes metrópoles modernas acarreta. A segunda hipótese de trabalho consiste em estabelecer uma forte interrelação entre as observações de Simmel sobre as mudanças do olhar na grande cidade moderna e as reflexões de Benjamin sobre aura e perda de aura na modernidade. Deve-se ressaltar a ambivalência de Benjamin em relação à questão da aura e de sua perda; ele tenta, porém, elaborar teoricamente essas transformações pela hipótese da passagem de uma estética do olhar e da contemplação para uma estética contemporânea da tactilidade e do gesto, tão essenciais no teatro épico de Brecht (mas também nos romances de Kafka), e, naturalmente, no cinema. Essa estética também é uma estética do choque e da grande cidade, como o poema em prosa de Baudelaire, “Perda de auréola”, o demonstra.

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Publicado
2015-10-01
Como Citar
Gagnebin, J. (2015). O olhar contido e o passo em falso. Especiaria: Cadernos De Ciências Humanas, 11(19), 13-24. Recuperado de https://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/719