A categoria de descolonização interrompida em Florestan Fernandes: uma sociologia periférica no sistema capitalista mundial
Resumo
Um aspecto pouco conhecido da obra de Florestan Fernandes tem sido a sua contribuição para o debate sobre as revoluções inconclusas na América Latina. Em sua visão do capitalismo dependente latino-americano, desponta a perspectiva política de um processo interrompido de descolonização. O presente artigo procura argumentar que a elaboração das categorias de capitalismo dependente e autocracia burguesa não pode ser dissociada tanto de seus vínculos com o pensamento radical latino-americano, anticolonial e antiimperialista, expressos nos textos lapidares de José Martí, Simón Bolívar e José Carlos Mariátegui, como de seu olhar sobre a recomposição de estruturas coloniais de dominação política nas emergentes sociedades de classes das periferias latino-americanas. Florestan Fernandes seria o autor de uma sociologia periférica, capaz de desafiar as certezas epistêmicas produzidas sob a ótica do falso universalismo das nações capitalistas centrais e seu viés colonial de dominação imperialista.
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