“Choro e ninguém liga pra mim”: canções, cotidiano e violência em tempos de chumbo

Palavras-chave: Repressão, Paulo Sérgio, Waldick Soriano, Odair José, Trabalhadores

Resumo

O presente artigo discute a memória em torno da sigla MPB e os limites em torno dessa, usando o repertório dos artistas taxados de "cafonas" nosso trabalho mostra o valor desse repertório para a cultura brasileira e para a classe trabalhadora, discutimos como esse vasto repertório narra situações do cotidiano dos grupos mais pobres do nosso país durante os anos da ditadura civil-militar e como narraram situações de violência empregada pelo governo dirigido pelos militares, que seguia uma lógica de guerra interna. As canções apresentadas são de autores diversos, como Waldick Soriano, Paulo Sérgio, Agnaldo Timóteo e Odair José. Cada um de sua própria forma cantou sobre o cotidiano ordinário dos trabalhadores, classe que sofreu bastante com o projeto político empreendido pelos militares.

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Biografia do Autor

Carolina Maria Abreu Maciel, Secretaria de Educação do Estado do Ceará, Brasil

Doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal do Ceará, com pesquisa inserida na linha: Cultura e Poder (2024). Mestre em História pelo Mestrado Acadêmico em História (área de concentração História e Culturas) da Universidade Estadual do Ceará e com pesquisa inserida na linha: Práticas Urbanas (2017). Graduada em História (Licenciatura plena) pela Universidade Federal do Ceará (2013). É professora efetiva do ensino básico do Governo do Estado do Ceará. Colunista no site História da Ditadura (www.historiadaditadura.com.br) (2021). Mobiliza pesquisas principalmente nos seguintes temas: Ditadura Militar Brasileira, Movimento Estudantil, Juventude, Igreja Católica, Memória, Ensino e Currículo de História. Pesquisadora do Grupo de Estudo e Pesquisa História e Documento: Reflexões sobre fontes históricas - GEPHD. Entre os anos de 2013 e 2014 foi membro da Comissão Interinstitucional da Verdade das Universidades Públicas UFC/UECE

Matheus Bonfim e Silva, Universidade Federal do Ceará, Brasil

Graduado em História pela Universidade Federal do Ceará, membro do Grupo de Estudos História e Documento: reflexões sobre fontes históricas (UFC) e do Grupo de Estudos: História e Cinema (PUC-MINAS), pesquisa sobre a formação da ideia de MPB e a exclusão dos artistas românticos taxados de "cafonas" durante a ditadura civil-militar. Escreve, como voluntário, mensalmente para o Instituto Memória Musical Brasileira na coluna "Historicizando as canções".

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Publicado
2025-03-28
Como Citar
Abreu Maciel, C., & Bonfim e Silva, M. (2025). “Choro e ninguém liga pra mim”: canções, cotidiano e violência em tempos de chumbo. Especiaria: Cadernos De Ciências Humanas, 22(1). https://doi.org/10.36113/especiaria.v22i1.4501
Seção
Dossiê Ditadura Militar 1964-1985: velhos e novos autoritarismos