Matéria e geometria: a ontologia dos Discursos
Resumo
A conhecida passagem do Ensaiador (1623) sobre a linguagem geométrica da
natureza pode ser considerada uma síntese do projeto galileano: dirigir-se à natureza
sem conhecer essa linguagem é um inútil vaguear em um obscuro labirinto. Na defesa
da necessidade do uso da geometria na filosofia natural, destaca-se o problema da
tese tradicional da heterogeneidade entre a exatidão matemática e a matéria imperfeita.
Para resolvê-lo (e para recusar essa heterogeneidade), o autor mostra que só a
geometria permite a superação das dificuldades relacionadas com o contínuo. Tal
discussão é assunto dos Discursos sobre as duas novas ciências (1638). Tanto o atomismo
incomum presente na obra quanto as novidades referentes ao estudo do movimento
dependem do tratamento geométrico dado ao problema do contínuo. Por outro lado,
a tensão entre a exatidão matemática e a imprecisão dos dados da experiência, que
é responsável por parte das controvérsias interpretativas que envolvem Galileu, é
fundamental para que se compreenda sua proposta de uma nova física.
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