Os feminismos e Relações Internacionais: por que precisamos de mais mulheres na agenda internacional?

Resumo

O presente trabalho reflete as abordagens feministas para as Relações Internacionais (RI). O objetivo é dar a devida saliência à variável gênero como categoria analítica para compreender as relações de poder na agenda internacional. A linha de argumentação deste ensaio está ancorada a partir do seguinte questionamento: por que precisamos de mais mulheres na agenda internacional? De tal modo, num primeiro momento serão brevemente sistematizadas algumas categorias básicas para se pensar os feminismos nas Relações Internacionais. Na sequência, identifico na literatura pertinente e em pesquisas já realizadas algumas das principais contribuições das abordagens feministas para a área. À guisa de finalização, procuro indicar as relações de gênero e poder na agenda internacional, entendendo-as como as estruturas de poder generificadas e generificantes. Em termos metodológicos, foi realizada uma varredura na literatura de modo a construir discussões expressas pelas categorias desenvolvidas pelo feminismo em RI, à luz das análises acuradas sobre segurança e política internacional propostas por Cynthia Enloe (1989), bem como, de modo a estabelecer uma perspectiva histórica, social sobre a temática em foco, realizou-se uma pesquisa de natureza teórico-conceitual, a partir de análises das categorias: patriarcado, gênero, interseccionalidade, tendo como autoras centrais: Kate Millett (1969), Kimberlé Crenshaw (2002) e Cohn (2013). Como consequência, evidenciou-se que os estereótipos de gênero compreendem e sedimentam a mulher restrita ao ambiente doméstico, ao espaço privado, enquanto o homem pertencente à esfera pública, o que exerce um papel indiscutível no que tange às oportunidades de representações nessa esfera das RI, que vem se mantendo persistente ao longo dos anos.