Dependência e formação do Exército de Reserva: as trabalhadoras em Ilhéus na crise da lavoura cacaueira
Resumo
Este trabalho busca oferecer uma perspectiva histórica sobre as mulheres e o trabalho como parte dos contornos mutáveis do capitalismo da metade do século XX até seu fim, no município de Ilhéus, enquanto parte de um sistema dependente. Serão examinadas, entre outras questões, a relação entre família e mercado, a força do patriarcado, o papel das dimensões pública e privada no reforço ou limitação das mulheres como trabalhadoras remuneradas e não remuneradas, e a formação de um Exército Industrial de Reserva com características particulares sobre gênero em Ilhéus, a partir das evidências da superexploração e mensuração empírica de suas camadas. Com a interpretação de fontes de arquivos jurídicos e informações quantitativas sobre indicadores em trabalho e renda, a análise se incidirá sobre as experiências das mulheres trabalhadoras, as formas em que o trabalho segregado por sexo foi socialmente e economicamente subvalorizado e os estereótipos que afetam as fronteiras ocupacionais e a constituição de carreira. Como aporte teórico fundamental, a Teoria Marxista da Dependência, se insere ao explicar a dinâmica da superexploração, que incide duplamente sobre as mulheres em sua presença como exército de reserva e exército ativo, seja em sua reprodução doméstica, e compõe um recorte do esforço associado entre o patriarcado e as relações capitalistas de exploração do trabalho no município de Ilhéus sobre as mulheres, complexo com raízes materiais que se expressam cultural e economicamente, cujas estratégias de enfrentamento precisam se aproximar da perspectiva de classe.Downloads
Referências
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