A seletividade espacial em ambiente litorâneo: o caso dos resorts na Bahia
Resumo
A resignificação das praias marítimas no imaginário social através da atividade turística valoriza a faixa litorânea mediante a construção dos complexos hoteleiros. Nesse sentido, a presente pesquisa analisa a evolução dos resorts no litoral da Bahia, refletindo as conexões entre as políticas de planejamento urbano, a atividade turística, a seletividade espacial e a apropriação das praias, caracterizadas pela União como patrimônio natural de uso coletivo. Para tanto, seguiu-se cinco passos metodológicos: revisão de literatura; busca de dados sobre a evolução dos resorts no Brasil; busca de dados sobre a evolução dos resorts no litoral da Bahia; caracterização social dos municípios com resorts instalados e, relação dos impactos positivos e negativos. Observa-se assim, que a partir de 1990, o Nordeste , devido aos atrativos naturais (principalmente as praias marítimas) e aos diversos investimentos públicos e privados), começa a despontar com relação aos resorts. Quanto a seletividade espacial percebe-se que 73% dos resorts na Bahia tem acesso privativo à praia. Neste sentido, ressalta-se o papel das políticas públicas turísticas e urbanas para atenuar os impactos da apropriação indevida, no sentido de harmonizar os interesses da cadeia produtiva turística, a valorização da cultura local e o uso comum e coletivo do bem público.
Downloads
Referências
ARZABE, J. Gestão da zona costeira e os terrenos de marinha. Trabalho de Conclusão de Curso. Pós-Graduação em Administração Pública. Nível de Especialização. Programa FGV Management. 60 p. Brasília, 2011.
BAHIA, Governo do Estado da. PDTIS. Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável. Pólo Litoral Sul, Bahia, Brasil. São Paulo: Secretaria de Turismo do Governo do Estado da Bahia, 2002. Disponível em: http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/prodetur/downloads/docs/ls_1_resumo_executivo_090708.pdf > 28 set. 2010. Acesso em: 29 set. 2013
BRASIL. Decreto n. 9.760, de 05 de setembro de 1946. Dispõe sobre os bens da União e dá outras providencias. Disponível em: http://www.mma.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2013.
_____. Lei nº7661, de 16 de maio de 1988. Dispõe sobre a criação do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>>. Acesso em: 20 nov. 2013.
_____. Ministério do Meio Ambiente. Projeto Orla: fundamentos para gestão integrada. Brasília: MMA/SQA; Brasília: MP/SPU, 2002.
_____. Decreto n. 5.300 de 7 de dezembro de 2004. Regulamenta a Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece critérios de gestão da orla marítima, e dá outras providências. Disponível em: Acesso em: http:// www.planalto.gov.br Acesso: 17 nov.2013.
BRASILEIRO, M. H. M. Do Real ao Possível: Responsabilidade Social em Empreendimentos Turísticos: A atuação do Grupo Reta Atlântico na Costa dos Coqueiros - BAHIA.176 f. Dissertação (Mestrado em Análise Regional – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional Urbano– UNIFACS)Universidade Salvador-BA, 2008.
BSH INTERNATIONAL. Resorts no Brasil 2014. Disponível em: http://bshinternational.com/sys/download/resortsnobrasil2014.pdf. Acesso em: 09 mai. 2016.
CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira. O turismo nos discursos, nas políticas e no combate à pobreza. São Paulo: Annablume, 2006.
CRUZ, R. C. Introdução à Geografia do Turismo. 2. ed. São Paulo: Roca, 2001.
_____. R. C. Plano Nacional de Turismo: uma Análise Crítica. Caderno Virtual de Turismo, v. 03, n. 04, p. 01-06, 2003.
_____. R. C. Planejamento governamental do turismo: convergências e contradições na produção do espaço. In: LEMOS, Amália Inés Geraiges de; ARROYO, Mónica; SILVEIRA, Maria Laura. (Org.). América Latina: cidade, campo e turismo. 1 ed. Buenos Aires: CLACSO, v. 1, p. 337-350, 2006.
_____. Geografias do turismo, de lugares a pseudo-lugares. 1. ed. São Paulo: Roca, vol. 1, p. 140, 2007.
GASPAR, M. A.; SANTOS, S. A.; POLO, E. F.; DERÍSIO, D. P. L. Diferenciación de la atención virtual como fator de ventaja competitiva em hoteles resort em Brasil. Estudios y Perspectivas em Turismo. v. 22, 2013, p. 251-275.
HAESBAERT, R. Globalização e fragmentação no mundo contemporâneo. In:
HAESBAERT, R. (Org.) Globalização e Fragmentação no Mundo Contemporâneo. Niterói: EdUFF, 2004.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br. Acesso em: jul. 2016
KONDO, A. L.; LATERZA, B. L. Complexos Turístico-Residenciais: uma investigação sobre a situação e as perspectivas deste mercado no Nordeste brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso, 125 f. Centro Universitário Senac, São Paulo, 2008.Disponível em: http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/export. Acesso em: 27 abr. 2015.
LACERDA, N. Mundos Distintos: Conflitos Pela Apropriação do Litoral Nordestino do Brasil. R. B. Estudos Urbanos e Regionais. v. 12, n. 2, p. 42, 2010.
LEAL, S. Paraísos Financeiros nos Espaços Litorâneos das Metrópoles: os ‘ecomegaempreendimentos’ do mercado imobiliário-turístico da Região Metropolitana do Recife. In: COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE PODER LOCAL, XI. Salvador. Anais... Salvador: [s.n.], p.15, 2009.
LIMA, Í. P. O Legado do Cacau: reinvenção e refuncionalização do patrimônio cultural e arquitetônico do centro histórico da cidade de Ilhéus / BA. 179 f. Dissertação (Mestrado em Geografia – Instituto de Geociências – Unicamp). Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2012.
PAES-LUCHIARI, M. T. D. Turismo e patrimônio natural no uso do território In: PAES-LUCHIARI, M.T.D.; BRUHNS, H. T.; SERRANO, C. (Orgs.) Patrimônio, Natureza e Cultura. Campinas - SP: Editora Papirus, 2007, p. 25-45.
______. Patrimonio cultural: uso público e privatização do espaço urbano, RevistaGeografia, AGETEO/UNEP, v. 31, n. 01, Rio Claro, SP, 2008, p. 47-60.
______. Introdução e apresentação. In: PAES-LUCHIARI, Maria Tereza; OLIVEIRA, Melissa (Orgs.). Geografia, Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Editora: Annablume, p. 13-32, 2009.
RAMOS, D. da R. A invenção da praia e a produção do espaço: dinâmicas de uso e ocupação do litoral do ES. Dissertação de Mestrado, 189 f. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo – Vitória, 2009.
RAPOSO, R. Condomínios fechados em Lisboa: paradigma e paisagem. Análise Social, v.1, p.109-131, 2008.
ROSA, S. E. S. da; TAVARES, M. M. A recente expansão dos resorts no Brasil. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 16, p. 85-104, set. 2002.
SANTOS. M. A natureza do Espaço: espaço e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec. p. 392, 1992.
______. Técnica, Espaço e Tempo. São Paulo: Ed Hucitec. 1995.
SOTRATTI, M. A. Imagem e Patrimônio Cultural: as Ideologias Espaciais da Promoção Turística Internacional do Brasil – EMBRATUR 2003-2010. 253 f. Tese (Doutorado em Ciências – Instituto de Geociências – Unicamp). Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2010.
SCIFONI, S. Por uma geografia política dos patrimônios naturais. In: PAES-LUCHIARI, Maria Tereza; OLIVEIRA, Melissa (Orgs.). Geografia, Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Editora: Annablume, p. 13-32, 2009.
i) Autores cedem os direitos autorais à Revista Reflexões Econômicas - REC e à Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz - Editus.