Velhice institucionalizada: imaginário e realidade
Resumo
Este texto expõe dados e reflexões decorrentes de investigação que venho realizando em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), do Distrito Federal. A pesquisa que coordeno, na Universidade Católica de Brasília (UCB), programa de Pós-graduação stricto sensu em Gerontologia, está aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Brasília (CEP/UCB) e se desenvolve com a atuação de uma equipe interdisciplinar de professores doutores, auxiliados por graduandos e mestrandos da referida Universidade. Apresento aqui fragmentos advindos da análise durandiana, de histórias de vida, depoimentos, escuta e dos registros míticos contidos em protocolos do Arquétipo Teste de Nove Elementos – AT-9, de Yves Durand, oferecidos pelos moradores da referida ILPI. São dados obtidos na escuta mitológica e arquetipal, na interação com os componentes, habitantes do asilo em pauta, no seu cotidiano asilar; dados reveladores do imaginário subjacente às falas, ações e posturas dos sujeitos da pesquisa. As afirmações aqui postas estão complementadas com resultados registrados em livros de outros estudiosos e pesquisadores, que, como eu, se preocupam em desvendar a realidade desses locais repletos de criaturas idosas, velhos, que, triplamente vitimizados, são relegadas pela família, esquecidas pelo Estado e excluídas da sociedade, tornando-se sombrias, na sua maioria. O texto trata do imaginário característico desse grupo de idosos asilados e dos demais componentes da organização, “escutando” o cotidiano do asilo. A preocupação com o bem-estar do cidadão velho, em qualquer circunstância, o respeito (recíproco) pela velhice e os cuidados com o processo de envelhecimento – em especial com o do velho asilado –, sem perder de vista a necessidade do fortalecimento e aprofundamento da, ainda em construção, multidisciplinar teoria gerontológica, apoiam a intenção de pesquisar, com possível intervenção, a organização e a gestão de ILPIs – ou asilo, considerando a possibilidade de novas formas de atenção político-social mais humanas ao idoso institucionalizado.
