Envelhecimento e a construção dos sentidos
Resumo
A idéia deste artigo consiste em discutir a gênese dos conceitos modernos de categorização da vida na velhice, que em si já é um constructo, que apresenta diversas facetas e contextos singulares. Esses conceitos (terceira idade, idoso, melhor idade, dentre outros) apresentam-se enquanto símbolos trabalhados no cerne da luta política da dita categoria (idosos), a partir da segunda metade do século XX, que constituíram um verdadeiro arcabouço simbólico para as permutas das constituições identitárias dos indivíduos, reconhecidos como possuidores de idades avançadas. No desenrolar do artigo será feita uma reflexão, concomitante com a questão da construção dos conceitos, acerca da relação existente entre aposentadoria e terceira idade, no que concerne às suas interlocuções históricas. A perspectiva teórica adotada trabalha com o princípio de que é preciso desnudar o caráter sócio-histórico das categorias (identidades), que são naturalizadas e corporificadas pelos sujeitos, mediante um processo que estabelece padrões normativos hierarquizados. Nesta configuração da sociedade, que defi ne os sujeitos ideais (normais) em detrimento dos sujeitos perigosos (anormais), a sociedade moderna foi organizada, pautada nos discursos refletores dos valores burgueses e cristãos. Tomando estas prerrogativas como referência da discussão, a noção de idoso representa a forma como a sociedade contemporânea busca redefinir e instituir o que é ser hoje um velho aceitável, ideal.