Análise do memorial da finitude de Sartre na obra " A cerimônia do adeus", de Simone de Beauvoir
Resumo
Este artigo analisa o texto de maior repercussão e impacto de Simone de Beauvoir, o relato lento e progressivo de morte do filósofo, companheiro, escritor e militante do século XX: Jean-Paul Sartre. Considerados por muitos como símbolos intelectuais, mantiveram um relacionamento aberto, controvertido e polêmico por mais de 50 anos. O objetivo deste trabalho é levantar alguns pontos de reflexão nos temas importantes para a pesquisa em gerontologia, tais como finitude, vida e morte, com base em relatos, testemunhos, escritos e diário de Simone sobre a progressão da doença de Sartre. O memorial de finitude de um filósofo existencialista, seus 10 últimos anos de vida, até a cerimônia do adeus, que foi acompanhada por aproximadamente 50.000 pessoas, procura retratar suas mortes diárias, capacidade de adaptação às perdas e as tentativas de manter-se vivo. Ao deixar o plano existencial, não morreu literalmente, porque conseguiu inserir a filosofia na vida das pessoas comuns. Sartre temia deixar de ser um homem de pensamento, ou seja, temia o fim de sua consciência como o fim de sua visão. O filósofo é reconhecido até hoje pelas contribuições criativas e brilhantes feitas ao meio acadêmico e à humanidade. Ora demonstrava ter perdido o sentido da vida, ora desejava fortemente continuar a viver, escrever sua história, redescobrir-se e continuar a vida com as dificuldades de cada fase, cada dia. A morte libertou-o do sofrimento